Tecnologia prevê crises epiléticas 1h antes de acontecerem

Tecnologia prevê crises epiléticas 1h antes de acontecerem

Uma startup israelense desenvolveu uma maneira de prever crises epilépticas uma hora antes de elas acontecerem, assim ajudando os pacientes a interromper quaisquer sintomas tomando medicamentos rapidamente.

A epilepsia é um distúrbio neurológico crônico que causa convulsões frequentes que interrompem temporariamente a função cerebral. Existem muitos tipos diferentes de convulsões, cada uma com uma variedade de sintomas, incluindo espasmos incontroláveis (conhecidos como convulsões) e perda de consciência do que está ao seu redor.

A doença crônica e não transmissível pode ser encontrada em pessoas de todas as idades. Segundo a Organização Mundial de Saúde, afeta cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo.

Tecnologia prevê crises epiléticas

A NeuroHelp, sediada em Be’er Sheva, foi fundada há três anos. O CTO Oren Shriki, professor do Departamento de Ciências Cognitivas e do Cérebro da Universidade Ben-Gurion do Negev, fez parceria com o CEO Nadav Karni para descobrir uma maneira de detectar até mesmo a menor convulsão em pacientes.

O algoritmo pode detectar uma convulsão através do monitoramento de ondas cerebrais (Depositphotos)

Shriki começou com a hipótese de que todas as pessoas – mesmo aquelas sem epilepsia – operam à beira de uma crise. Então, procurou encontrar uma forma que pudesse detectar o que ele chama de “ponto de transição”, após o qual uma convulsão é inevitável.

“Se você cruzar esse ponto de transição, pode ter uma alucinação, que é algum tipo de atividade descontrolada no cérebro, ou ataques epilépticos, que são semelhantes, mas envolvem atividade mais síncrona [simultânea] das redes neurais”, ele diz a NoCamels.

Inteligência Artificial

A Neurohelp criou um software baseado em IA que pode ajudar a detectar convulsões usando testes de eletroencefalografia (EEG).

Um EEG mede a atividade elétrica no cérebro com pequenos discos de metal que se fixam ao couro cabeludo. O software desenvolvido pela empresa pode detectar certas flutuações mensuráveis na atividade cerebral que indicam a ocorrência de uma convulsão.

Depois que o algoritmo foi capaz de detectar uma crise por meio do monitoramento das ondas cerebrais, a NeuroHelp começou a trabalhar em uma maneira de prever as convulsões cerca de uma hora antes de elas acontecerem. Para fazer isso, eles pegaram toda a atividade cerebral e analisaram o algoritmo para identificar qual atividade cerebral esperar antes de uma crise epiléptica.

A plataforma atualmente usa um scanner de EEG que pode registrar e monitorar a atividade de Brian à noite por meio de um aplicativo móvel, mas está trabalhando em um dispositivo “mais compacto” que pode ser usado durante o dia.

A cada poucos segundos, o aplicativo NeuroHelp obtém uma classificação do teste de EEG em andamento que informa à IA o quão perto de passar o ponto de transição um paciente está. Ou seja, isso mostra a uma pessoa se uma convulsão poderá ocorrer em breve.

Tomar medicamentos antes de uma convulsão pode impedir que outras convulsões aconteçam (Unsplash)

Pós-previsão

Uma vez prevista uma convulsão, Shriki recomenda primeiro não realizar nenhum tipo de atividade “arriscada”, como nadar ou participar de um evento público. A segunda coisa que ele recomenda é tomar medicamentos de emergência para interromper as convulsões.

Como as convulsões ocorrem em grupos, o medicamento geralmente é tomado para interromper a primeira e, em seguida, prevenir quaisquer outras que possam se seguir. No entanto, Shriki explica que tomar a medicação antes da primeira convulsão pode impedir que todas as crises subsequentes aconteçam.

“A suposição é que se você prever uma convulsão com antecedência, mesmo dez a cinco minutos antes, será suficiente tomar esse tipo de medicamento”, diz Shriki.

“Acreditamos que se você tomar [a medicação] mesmo dentro de um período de uma hora ou 30 minutos antes da convulsão, ela ainda funcionará”.

Ele também enfatiza a importância de não tomar medicamentos de emergência constantemente, pois o cérebro pode se adaptar ao medicamento e interrompê-lo no propósito pretendido.

“Esses são medicamentos que você deve usar apenas quando estiverem em alerta concreto”, diz Shriki.

Além disso, há muitas pessoas para as quais a medicação para prevenir crises é ineficaz.

“Cerca de um terço dos pacientes não reage aos medicamentos. Eles são considerados resistentes ao tratamento e continuam sofrendo convulsões”, diz Karni.

A detecção de uma convulsão iminente, diz Shriki, não é tão simples quanto se poderia pensar. Alguns sinais são muito claros, mas muitos são muito mais sutis. E, em muitos casos, movimentos como piscar os olhos podem parecer uma convulsão, mesmo quando não o são.

Usando as leituras de EEG, Shriki e sua equipe também trabalharam na criação de um algoritmo que aprendia como eram as convulsões falsas, descartando assim quaisquer alarmes falsos.

“Inicialmente, os algoritmos apresentavam de 10 a 20 alarmes falsos por dia. Atualmente, ocorrem cerca de 0,2 alarmes falsos por dia, o que significa um a dois alarmes falsos por semana”, diz Shriki.

NeuroHelp

A NeuroHelp é financiada por investidores de risco do setor de saúde. Além disso, recebe financiamento do Oazis, o programa acelerador da Universidade Ben-Gurion.

Shriki está agora desenvolvendo um sistema chamado Neurofeedback, que pode fornecer ao paciente informações sobre seu cérebro e treiná-lo para ficar longe do ponto de transição.

A NeuroHelp está realizando agora mais um conjunto de testes clínicos para o detector de crises, e Karni acredita que no próximo ano ele estará disponível aos consumidores para uso doméstico.

Então, com base na suposição de que todos podem estar à beira de uma convulsão, tenham sido diagnosticados ou não, Shriki espera que o sistema seja de uso generalizado.

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